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Minhas várias faces

 

   Apesar de minha preguiça absurda , resolvi tentar encaixar as palavras , em forma de desabafo , a escrever sobre minha provável alma confusa. Uma única alma dividida em inúmeras faces , a quais temo eu . 

   Algumas são belas , cheiram a flores , a infância , a pensamentos inocentes , a toques envergonhados de um dedo curioso em uma tecla de piano .

   Outras são cinza . Vivem como espectros assustados e ansiosos dentro de uma caixinha trancada por segredos . Perambulam entre si , se entreolham mas nada são capazes de enxergar , nada as interessa . Para essas pobres faces tude é inútil , digno de nada.

   Minha alma também contém aquelas faces sapequinhas , que se ocupam saltitando entre as belas e as cinza. Essas são vermelhas e ambiciosas; tomaram para si as características das belas e o gosto a insignificância das cinzas. Sāo extremamente sensuais. Amam orgasmos e vivem para a ascençāo . Realizam orgias entre si ... se chupam , gozam umas nas caras das outras. Se lambem , se beijam até que jorre sangue de seus låbios. Se mordem; o que geram marcas em seus corpos imoldáveis e as fazem lembras da redenção. Mas tudo o que fazem é por uma busca sem fim ao estável. Essa busca não permite remorsos , nāo há lugar nem tempo para a culpa . São capazes de após um sorriso inocente , se olharem com desprezo , com insignificancia ...e esses atos contrários as levam ao gozo . 

  Em alguns momentos as selvagens tomam a cena . São cheias de ódio , cheiram a suor , flores podre e sangue velho. Vivem furiosas , mostrando suas garras e dentes pontiagudos. Urram ... rugem ...se debatem! Seus desejos é o fim de tud . É rasgar as outras almas e fugir das possibilidades malditas! A essas, não exite um véu , como o que cobre as belas, sapequinhas e algumas outras . São nuas , despidas até mesmo de beleza . Se auto-arranham, auto-mordem, auto-sufocam . Os seus triúnfos são a consciência a sua própria miséria. A consciência do estrume humano. 

    Jå em outros momentos , as formosas são as protagonistas . São formosas apenas porque fazem de tudo um pouco, mas quando julgam seus atos como errados se enchem de culpa e pedem perdão; e após serem perdoadas são mais felizes e mais lindas do que eram antes de errar. Me parecem como um arco-íris que é a junção do sol e da chuva . Me lembram também a aurora e o crepúsculo , onde o dia aproxima seus lábios do da noite e estes se encontram por pouco tempo , porém o necessário . 

   As mais perigosas são as malditas e silenciosas hipócritas . Essas são sorrateiras e observam cautelosamente as outras faces, para que em um momento de glória, possam jogar seus dardos inflamados por substâncias venenosas em suas irmãs. Elas gostam do mal, do choro, do erro. Nunca querem se arrepender pois vevem o presente, e o agora é sempre o mal . Através de uma máscara feita de cera , digo , sem e expressão , são capazes de enganar tudo o que as cerca sendo que o finalidade desse engano , é chegar ao bote . 

   As que mais tenho pena são as do Amor . Essas vivem incansavelmente para e a procura Dele . São puras, límpidas, virgens ...são as que mais sofrem. A natureza delas acaba gerando a dor . Elas entendem que o amor machuca mas ão se importam , pois amar supre sofrer . Essas faces sempre querem amar mais , nunca amam o suficiente , e esse engano já gera tristeza . As vezes eu acho que essa confusão que nelas habita é apenas um daqueles dardos inflamados que provém das hipócritas . Mas elas são tão limpas, que em sua inocência aceitam o veneno com o fim de converter e envergonhar aquelas que o atiram. Seus olhares são beijos , suas palavras: um abraço , sua presença a redenção e sua convivência o Absoluto !

   Existem também as faces confusas. Acham tudo: o certo e o errado ...ou seria o errado e o certo ? Vivem em prol dos conflitos . Odeiam esses , porém também os amam . Essa é a sua miséria e seu triúnfo e glória. Querem todas as coisas e ao mesmo tempo não querem nada . Vivem nos cinquenta por cento versus cinquenta por cento . São incapazes de dar um passo a caminho do cinquenta e um . Amam o ódio e odeiam amar...

  Já em outros momentos as solitårias fazem o papel principal . Não gostam da convivência humana , pois para elas ninguėm é capaz de compreendê-las . Vivem por obrigação , pois se pudessem , voltavam para aquele lugar , a qual não sei o Nome , que nunca visitei, mas que ė motivo de tanta saudade! Essa saudade as fere , é uma dor profunda , como uma caverna fria , úmida e escura . Uma angústia que cessará apenas quando pisarem na terra ou vagar pelos ventos que nunca viram , nunca conheceram.  Mas a saudade está alí ...dentro dessas faces , dilacerando-as ... esse sentimento que sufoca a alma , transforma o coração em uma fenda profunda , escorre pelos olhos através de aguá salgada ...e que é motivo de tanta solidão .

 

Lorena Gal

Muitas são as vezes em que a vida pede-nos apenas um primeiro passo em direção as nossas metas para que todo o resto possa seguir um fluxo natural –existente para quase todas as coisas-. Dar esse primeiro passo é algo que soa mui simples aos nossos ouvidos, porém são pouquíssimos os que o fazem. Sempre que nos preparamos para agir, algo nos paralisa. Mas por que nos acovardamos e permitimos que a paralisia e apatia nos domine ao invés de movimentarmo-nos em direção à aquilo que queremos? Os motivos são diversos, porém o mais latente e mais forte é o apego a ilusões.

O ser humano se desenvolve a partir de imitação e estímulo. A medida que crescemos acabamos por absorver diversas qualidades –sejam boas ou ruins- daqueles a quem imitamos, Sendo assim, acabamos por acumular uma porção de coisinhas no decorrer do tempo. A questão é que essas coisinhas acumuladas, na maioria das vezes  são pra lá de supérfluas e nós, nos baseamos nelas como bússolas para a vida. Como se fossem o chão em que pisamos.  Acontece que tão logo quanto um suspiro elas se gastam,  –justamente por não possuírem valor real–  desaparecem e nós, por conseqüências, ficamos desestabilizados. A vaidade, medo, insegurança fazem parte de nossa coleção, sendo que dificilmente elas carregam consigo a verdade. Oras... a maioria de nossos medos são idiotas, nossa inseguranças infundadas e as vaidades descabidas.

Outro tipo de ilusão é quando imaginamos as nossas metas sendo vivenciadas em ato e de repente lembramos que é longo o caminho entre a realidade dos projetos e o ideal dos mesmos. Quando analisamos a distância entre a potência e o ato de nossos projetos, o transformamos em objeto opressor, e o que antes era algo desejável torna-se extremamente desagradável e pesado. Entretanto, quando somos tomados por tais pensamentos, damos evasão a nossa fraqueza interior e pequenez humana. É nesse momento que o medo, insegurança, vaidade e outras entidades malignas  encontram espaço dentro de nós. Dentre todos os seres, o ser humano é o único capaz de moldar a si mesmo. Somos capazes de escolher entre o bom e o ruim, entre o belo e o feio, entre a honra e a miséria. Uma pessoa madura ao traçar seus objetivos, o faz acreditando que a meta e o caminho para a meta a transformará em alguém melhor, mais nobre etc., além da melhoria que ela poderá levar a vida do próximo e talvez, comunidade. Se assim agimos, porque nos abalamos quando olhamos para o longo caminho a ser percorrido? Sentimo-nos inseguros de nós mesmo, com medo das dificuldades -que naturalmente- surgirão e somos tomados de vaidades mesquinhas quando  atribuímos demasiado valor a opiniões alheias com medo do que as pessoas falarão de nós quando nos verem errando ou angustiados em alguns momentos da caminhada. Tudo ilusão (!), pois não sabemos a nossa força até entrar na luta, as dificuldades surgirão conosco lutando por nossas objetivos ou parados (o tempo passa de qualquer maneira), e as pessoas que hoje nos desmerecem, o fazem pelo  fato –óbvio-  de não serem nós e por isso, não conseguem julgar os nossos projetos com exatidão. Estamos demasiado apegados a coisas pequenas e frívolas e quando percebemos que essa é raiz do problema, é nossa obrigação extraí-la e extingui-la, para que ela não volte a cair no solo e se desenvolver.

O ser humano enquanto bebê olha para o mundo com olhos de domínio e enquanto crescido com olhos de escravos amedrontados. Deveríamos aprender com os pequeninos, que mesmo com corpos molinhos, já mexem as pernas em movimentos de passos, pois sabem (pela intuição) que entre a potência e o ato existe apenas o exercício constante baseado na única e exclusiva vontade.  Nós perdemos muito tempo lamentando-nos sobre o que poderia estar sendo vivido, do que vivendo efetivamente.

 GalLorena©   2015

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