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Escrevo...alivio minh'alma

Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando[...]
                                                                                                                     (Clarisse Lispector)

Minhas várias faces

 

   Apesar de minha preguiça absurda , resolvi tentar encaixar as palavras , em forma de desabafo , a escrever sobre minha provável alma confusa. Uma única alma dividida em inúmeras faces , a quais temo eu . 

   Algumas são belas , cheiram a flores , a infância , a pensamentos inocentes , a toques envergonhados de um dedo curioso em uma tecla de piano .

   Outras são cinza . Vivem como espectros assustados e ansiosos dentro de uma caixinha trancada por segredos . Perambulam entre si , se entreolham mas nada são capazes de enxergar , nada as interessa . Para essas pobres faces tude é inútil , digno de nada.

   Minha alma também contém aquelas faces sapequinhas , que se ocupam saltitando entre as belas e as cinza. Essas são vermelhas e ambiciosas; tomaram para si as características das belas e o gosto a insignificância das cinzas. Sāo extremamente sensuais. Amam orgasmos e vivem para a ascençāo . Realizam orgias entre si ... se chupam , gozam umas nas caras das outras. Se lambem , se beijam até que jorre sangue de seus låbios. Se mordem; o que geram marcas em seus corpos imoldáveis e as fazem lembras da redenção. Mas tudo o que fazem é por uma busca sem fim ao estável. Essa busca não permite remorsos , nāo há lugar nem tempo para a culpa . São capazes de após um sorriso inocente , se olharem com desprezo , com insignificancia ...e esses atos contrários as levam ao gozo . 

  Em alguns momentos as selvagens tomam a cena . São cheias de ódio , cheiram a suor , flores podre e sangue velho. Vivem furiosas , mostrando suas garras e dentes pontiagudos. Urram ... rugem ...se debatem! Seus desejos é o fim de tud . É rasgar as outras almas e fugir das possibilidades malditas! A essas, não exite um véu , como o que cobre as belas, sapequinhas e algumas outras . São nuas , despidas até mesmo de beleza . Se auto-arranham, auto-mordem, auto-sufocam . Os seus triúnfos são a consciência a sua própria miséria. A consciência do estrume humano. 

    Jå em outros momentos , as formosas são as protagonistas . São formosas apenas porque fazem de tudo um pouco, mas quando julgam seus atos como errados se enchem de culpa e pedem perdão; e após serem perdoadas são mais felizes e mais lindas do que eram antes de errar. Me parecem como um arco-íris que é a junção do sol e da chuva . Me lembram também a aurora e o crepúsculo , onde o dia aproxima seus lábios do da noite e estes se encontram por pouco tempo , porém o necessário . 

   As mais perigosas são as malditas e silenciosas hipócritas . Essas são sorrateiras e observam cautelosamente as outras faces, para que em um momento de glória, possam jogar seus dardos inflamados por substâncias venenosas em suas irmãs. Elas gostam do mal, do choro, do erro. Nunca querem se arrepender pois vevem o presente, e o agora é sempre o mal . Através de uma máscara feita de cera , digo , sem e expressão , são capazes de enganar tudo o que as cerca sendo que o finalidade desse engano , é chegar ao bote . 

   As que mais tenho pena são as do Amor . Essas vivem incansavelmente para e a procura Dele . São puras, límpidas, virgens ...são as que mais sofrem. A natureza delas acaba gerando a dor . Elas entendem que o amor machuca mas ão se importam , pois amar supre sofrer . Essas faces sempre querem amar mais , nunca amam o suficiente , e esse engano já gera tristeza . As vezes eu acho que essa confusão que nelas habita é apenas um daqueles dardos inflamados que provém das hipócritas . Mas elas são tão limpas, que em sua inocência aceitam o veneno com o fim de converter e envergonhar aquelas que o atiram. Seus olhares são beijos , suas palavras: um abraço , sua presença a redenção e sua convivência o Absoluto !

   Existem também as faces confusas. Acham tudo: o certo e o errado ...ou seria o errado e o certo ? Vivem em prol dos conflitos . Odeiam esses , porém também os amam . Essa é a sua miséria e seu triúnfo e glória. Querem todas as coisas e ao mesmo tempo não querem nada . Vivem nos cinquenta por cento versus cinquenta por cento . São incapazes de dar um passo a caminho do cinquenta e um . Amam o ódio e odeiam amar...

  Já em outros momentos as solitårias fazem o papel principal . Não gostam da convivência humana , pois para elas ninguėm é capaz de compreendê-las . Vivem por obrigação , pois se pudessem , voltavam para aquele lugar , a qual não sei o Nome , que nunca visitei, mas que ė motivo de tanta saudade! Essa saudade as fere , é uma dor profunda , como uma caverna fria , úmida e escura . Uma angústia que cessará apenas quando pisarem na terra ou vagar pelos ventos que nunca viram , nunca conheceram.  Mas a saudade está alí ...dentro dessas faces , dilacerando-as ... esse sentimento que sufoca a alma , transforma o coração em uma fenda profunda , escorre pelos olhos através de aguá salgada ...e que é motivo de tanta solidão .

 

Lorena Gal

 

 

Me chupe, até a última gota

Não resistirei ao seu ataque 

Encará-lo-ei como o monstro marinho de Victor Hugo

Mas ao contrário do herói, não espernearei 

 

Encaixe seus sugadores em meus lábios, 

Nos meus seios, 

Em minhas partes de baixo 

 

Que seus tentáculos envolvam meu pescoço,

Meus cabelos,

Minha cintura e quadril 

 

Permitirei que sua língua perigosa amacie a pela de minha barriga,

E seus dentes mordisquem minha face e coxas 

 

Misture sua língua na minha e mexa-a

Devagar, apenas para molhar

Depois com mais ferocidade

 

Vou acariciar sua face com meus tapas cheios de potencial a gozo

Pois você me deixou molhada,

Me fez arquejar e perder as forças

 

Não demore!

Penetre-se em mim cautelosamente, sentindo o abraço do meu corpo ao seu

Rompa-me que gemerei baixinho em seu ouvido

 

Tentarei cravar minhas garras em seu corpo

Pois quero deixar minha marca em você!

 

Me ensina a "gangorrear" e deixe-me de castigo no alto

Após a lição, solte-me com pressão

Vamos ver até onde iremos...

 

Ser como meninos mimados,

Crianças inconsequentes em uma busca ordinária de prazer. 

(Selena Afif)

 

 

 

Adorável e Odioso Amor

 

Odeio a sua maneira

Linda e diferente

Que me faz te amar a vida inteira

 

Odeio o jeito que você fala

Mordendo os lábios

As vezes até brincando com minha cara

 

Odeio os seus olhos que me hipnotizam

Fazendo-me perder neles

Que tanto brilham

 

Odeio a sua voz linda

Baixa e única

Que soa como uma melodia

 

Odeio seu jeito de ser perfeita

Sempre rindo e ajudando

Sempre me fazendo perder a cabeça

 

Odeio todo o seu jeito

Tuas manias e anomalias

Me enchem de desejo

 

Odeio tudo o que você faz

Me deixando mais apaixonado

Acreditando um dia que eu serei capaz

 

Te odeio por inteira

Me fazendo ficar tão apaixonado

A sua maneira

 

Te amo tanto,que chego a te odiar

Chorando e sofrendo

Somente a você consigo amar

O ódio que vira amor

Amor que pra muitos é lindo

A mim só traz dor 

(Vitor Medeiros)

 

Amarga Fonte

 

É de campos escuros e estéreis

Que brota a vida de meus versos.

Eles falam de secura e intempéries,

Trovas que canto a mudos berros.

(Luís Neto)

Minha Culpa 

 

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem 

Que sou? Um fogo-fátuo, uma miragem...

Sou um reflexo... um canto de paisagem

Ou apenas cenário! Um vaivém

 

Como a sorte: hoje aqui, depois além!

Sei lá quem sou? Sei lá! Sou a roupagem

De um doido que partiu numa romagem

E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!...

 

Sou um verme que um dia quis ser astro...

Sou uma estátua truncada de alabastro...

Um chaga sangranta do Senhor...

 

Sei lá quem sou? Sei lá! Cumprindo os fados,

Num mundo de maldades e pecados, 

Sou mais um mau, sou mais um pecador...

(Florebela Espanca)

 GalLorena©   2015

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